
Greg House foi "construído" com mestria pelo argumentista. Cínico, viciado em analgésicos, cáustico, transgressor impenitente, clínico genial, mas no fundo um coração mole. Tudo o resto é pano de fundo. A série só em aparência se debruça sobre a prática médica. A Instituição em geral nunca poderia tolerar o personagem, desde logo pelo impensável individualismo. House vive escarranchado no muro. É tolerado pela instituição e idolatrado pelos companheiros pela sua capacidade de diagnosticar a doença nos pacientes, que trata bem ou mal de acordo com o seu susceptível humor . A barba, a ausência de bata, as sapatilhas, a ostensiva dependência criam a ilusão de uma espécie de "sonho americano" - com talento tudo é possível, mesmo numa das mais severas profissões. Um artigo no Público de domingo acerta no alvo - House é uma transposição genial de Sherlock Holmes para o mundo da medicina, ela é apenas o cenário onde Hugh Laurie se move, nunca poderia ser o seu habitat real. Mas... pffff.

